15/04/2010

DA JANELA PARA O MUNDO

Uma leve brisa, fez estremecer o seu corpo que se encontrava descoberto, no ar pairava um cheiro cítrico, que envolvia alegremente a divisão.
Estranhamente, algo a fez erguer desse marasmo que se instalara na sua vida; lá fora ouviam-se passos agitados, numa calçada sempre suja, risos fáceis de crianças brincavam inconscientes
mas existia um único som quase inaudível, imperceptível ao vulgar dos mortais, o som da sua consciência.
A noite anterior tinha sido terrível, no corpo a dor, a mágoa, de um passado presente ao qual não conseguia fugir.
Todo o seu ser tinha sido devastado e agora enrolada sob si chorava de raiva e indignação.
O toque da campainha fê-la voltar há realidade; Maria sua grande amiga chegara para a consolar, as conversas eram sempre ambíguas, ora choravam ora riam quase parecendo portadoras de alguma doença psicossomática, mas só assim conseguiam descomprimir dessa vida putrefacta em que estavam atoladas.
A fome apertava, resolveram sair; por perto e na tasquinha do costume, saciaram os corpos de um alimento que lhes seria crucial, por fim, um café quentinho reconfortava a alma de quem a tinha extinguido na sua plenitude.
Cá fora indiferente a tudo e todos permanecia alguém que iria mudar drasticamente o rumo desta história. A beleza estonteante destas mulheres não passava incólume, o ar ficava rarefeito, os pensamentos obstruídos e o olhar tentava absorver cada curva, cada expressão, cada odor que delas emergia.
Maria a mais efusiva, chamava agora a atenção, da amiga beliscando-a furiosamente; avistava um espécime em vias de extinção; alto, musculado cujos olhos de um azul profundo a fizeram estremecer; não de prazer mas sim de algo que posteriormente iria reconhecer.

                                                                                                   Continua

1 comentário:

Maga disse...

O próximo capítulo promete...