28/06/2010

DA JANELA PARA O MUNDO (11ª parte)

Estacionaram em frente de um edifício peculiar , uma certa arte Naif, populava com um Barroco Rococó,embora parece-se abandonado pequenos pormenores denotavam a presença humana. Pedro conduzira-a até ali enigmático e de olhar furtivo esquivara-se ás suas perguntas . O interior era frio,húmido e o odor que emanava revoltava as entranhas, como se algo moribundo se arrastasse por ali.Alguns cadeirões rotos e debutados espalhavam-se pela área, o chão sujo denotava marcas grosseiras de líquidos viscosos de difícil remoção.
Uma pancada seca fê-la mergulhar num abismo profundo,do qual emergia agora,confusa ,a cabeça a latejar
os sentidos devastados tentou erguer-se, mas algo a impedia, de mãos e pés manietados o corpo descoberto e gélido, o sol que se esgueirava pela minúscula janela ,o ar putrefacto, aquele local.

24/06/2010

DA JANELA PARA O MUNDO (10ª parte)

A sessão iniciara, um filme romântico fora escolhido prazeirosamente para aquele final de noite.
No escuro a percepção dos sentidos intensificava-se,o tacto a suavidade dos seus dedos procuravam o calor intenso das mãos de Pedro. Uma lágrima furtiva teimava em deslizar pelo seu rosto, Pedro estava atento e cálidamente interrompeu o seu curso.
De mãos dadas respiravam avidamente o crepúsculo da noite, sombras observavam-nos, envolvendo-os dramaticamente.
Marcaram encontro no Bistrô ao fundo da rua 12:30, Bela chegou mais cedo ,pediu um Martini em copo com sal, adorava esta junção, subjugando o paladar ,estimulando-o a novas perspectivas,a novas emoções.
Avistara Pedro,um fato possivelmente comprado no exterior tornava-o ainda mais atraente e sedutor.
Os seus olhos cruzaram-se e um frio gélido percorreu todo o seu ser, algo não correspondia ao perfil a que Pedro a tinha habituado,almoçaram quase em silêncio apenas interrompido por pequenas frases proferidas aleatoriamente.

23/06/2010

MAGA

A Primavera já lá vai, perdida nas folhas do calendário que já foram para a reciclagem...
Mas não há Primavera que não venha seguida do Verão... e o Verão aí está repleto de cor e de perfumes fortes. Os verdes tornaram-se mais escuros, mais adultos. Os rios, os riachos, qualquer ribeiro, levando consigo a água fresca que corre cantando, enche de vontade de um mergulho refrescante qualquer ser vivo que encalorado, passe por eles.
As árvores, essas, algumas já floriram, algumas já deram fruto, algumas começam agora a mostrar seus frutinhos pequenos e bem verdinhos... mas algumas, estão agora cobrindo seus ramos de vistosas flores, que não tarda e com a força do calor, depressa terão a seus pés um tapete colorido de pétalas caídas, enquanto aparecerão os frutos que irão ficar apetitosos ao longo do Verão! É o caso da romãzeira, árvore linda, de suas flores de um vermelho vivo, fazendo já lembrar os bagos luzidios que mais tarde, quando o Inverno chegar, farão lembrar os dias quentes deste Verão que ainda agora começou e que não tardará a ser recordação!...

22/06/2010

Consequência

Esse olhar livre e seguro
Que transporta compaixão
Remete-nos ao futuro
Nesta triste condição.

Sofrida , perdida na noite
Como quem só assim se mantém
Perturbada enlouquecida
E por fim já remetida
A esse mundo de ninguém

19/06/2010

DA JANELA PARA O MUNDO( 9ª Parte )

Por momentos o seu olhar perdeu-se no balançar do precioso néctar que vibrava no copo de cristal,o seu pensamento vagueava na tentativa de conhecer Pedro, para além do fogo que a consumia a cada investida,ansiava poder revelar-lhe, as noites cálidas ao
som das Estações de Vivaldi, o gosto enuzitado pela pintura,Pablo com a sua Guernica
assumidamente surreal. E o Bolero,Ravel tinha-lhe sido apresentado de uma forma abrupta e emocional; a versão mais pura que jorrava o vermelho mais intenso e intemporal. Jorge Donn reinventara a magia dos corpos, em comunhão com o poder dos sons, Les Uns et les Autres, na sua versão original possuira-lhe os sentidos, devastando-os tornando-os submissos a um só querer. E Cesário Verde, em que frutas e flores se fundiam numa panóplia de cheiros e cor. E o gosto Gourmet refinado,aliado há paixão dos sabores acre e doce , sumptuoso e iverosimél , e as flores as crianças.
E Pedro quais os seu gostos, as suas vontades?
Este homem inebriava-a toldava-lhe a alma, mantinha-a expectante.

14/06/2010

DA JANELA PARA O MUNDO (8ªparte)

Serenamente ,fez deslizar pelo seu corpo um vestido de seda, transparecendo
a sua exuberância e sensualidade, as elegantes sandálias com finas pedrarias davam ao look um glamour inigualavél.
Pedro esperava-a ansiosamente no quarto de hotel ,seu corpo másculo antevia momentos de puro prazer, Bela toldava-lhe os sentidos imiscuía-o na sua própria condição,instintos selvagens assoberbavam-no deixando-o enlouquecido.
A refeição fora rápida, pequenos canapés e uns deliciosos damascos tinham-nos
deixado satisfeitos, degustavam agora um fino licor Italiano.
Pedro observava-a,suas formas voluptuosas envolviam-no numa espiral de luxúria
e paixão.

08/06/2010

Desejo

Perspectiva-se a loucura
A tentação infernal
Mas o âmago da ternura
Percorre firme e segura
O instinto carnal.

Tão ardente que irrompe
Esse espaço primordial
Alma, sangue á mistura
Nesse que só dura
Um momento afinal

04/06/2010

DA JANELA PARA O MUNDO (7ª parte)

Permanecia agora num extase que disseminava toda a sua alma,buscava a paixão e o amor,almejava a felicidade;sentia tudo isso quando estava com Pedro.Era ele o seu
porto seguro, o abrigo onde se aninhava, perdendo-se no calor que dele emanava.
Bela, olhava para a imagem que reflectia no espelho estratégicamente colocado no tecto
do seu quarto e estremeceu, imagens difusas de sofrimento,dor,raiva e frustração deambulavam no seu inconsciente agonizando-a.
Tocava-se agora, perscrutando cada contorno, cada recanto, perdendo-se em ondas de prazer, que percorriam o seu corpo faminto,de um paraíso que existe.