30/07/2010

Querer Mais

Com fundamento, transgredir
Arriscar, olhar o movimento,
Demorado, lento
Deste mundo a definhar

Querer mais,possui-lo
Aninhar-me no seu olhar
Aquele que do vazio
Faz o meu respirar

20/07/2010

MAGIA

Pra lá do Arco Íris
Aquém da multidão
Sobrevive o instinto
Sobrevive a razão.

Eminente,emergente
Com tal exactidão
Este amor dependente
Duma simples ilusão.

08/07/2010

DA JANELA PARA O MUNDO (FIM)

O tempo deixara de ser seu aliado, as sevícias tornavam-se insuportavéis, o corpo débil reclamava aconchego e protecção; o mesmo som para lá do portão e a vida a esvair-se como se nada mais importasse.Pedro o louco, aquele por quem Bela se apaixonara zurzia-lhe a alma.
A face pálida,olhar doentio e macilento, o corpo moribundo e mutilado deixava para trás a beleza estonteante e glamorosa .Bela tinha um plano arquiteta-lo tinha-lhe custado muitas horas de sono,os pesadelos constantes mantinham-na em sobressalto, auxiliando o cérebro a se manter activo e consciente. Gradualmente, tinha ganho a confiança de Pedro ás horas da refeição, pedindo-lhe docemente que a soltasse, pois ,apesar de tudo estava mais confortavél,e não iria fugir.Pulsos e tornozelos igualavam-se a pequenos troncos frágeis em que as intempéries dos elementos os quebrariam indubitavelmente,seria naquele dia  a refeição serviria de ponto de fuga, esperou, tentando manter a calma para não se denunciar ; o tabuleiro chegava, um nó retorcia-lhe as entranhas mas uma força superior fê-la investir, os golpes desferidos com a simples faca que a ajudara a alimentar-se provocavam em Pedro ferimentos fatais. De mãos ensaguentadas arrastou-se penosamente até ao portão, trémula quase em choque no limite das suas forças entreabriu-o; e o sol, que se assumia protector, feriu-lhe o olhar toldando-lhe os sentidos,O tempo que permaneceu assim foi longo, anoitecia, o mesmo veiculo aproximava-se, enfraquecida vislumbrava o brilho que dele emanava, a policia chegava ao local,tinham estado  tão próximos, todos os dias perguntavam por ela e todos os dias se afastavam  deixando-a há sua sorte.
Abandonava o local, consciente  que o futuro finalmente se perspectivava redentor


                                               FIM

04/07/2010

DA JANELA PARA O MUNDO (12ª parte)

O Corpo em frémitos de dor, suplicava, para que as investidas de Pedro cessassem ; possuía-a brutalmente, de olhos cerrados ansiava que os sentidos se extinguissem e a alma a abandonasse.Um grito de angustia e terror trouxe Pedro á realidade, a expressão do seu olhar doentio, transparecia um louco obstinado em que o objectivo final era a saciação do seu eu.
Chorava agora copiosamente, dorida faminta, mas acima de tudo desolada devastada na sua plenitude.
Porquê este comportamento? que homem era este que se revelava agora o seu algoz.
Pedro afastara-se sem proferir uma palavra deixando-a agonizante.
O sol já ia alto, vozes difusas,eram preceptivéis para lá do portão, um veiculo afastava-se vagarosamente.
Saciava a fome, um pequeno tabuleiro empurrado com desdém permanecia ao seu lado,os pulsos doloridos finalmente libertados denotavam toda a sua fragilidade

01/07/2010

Inquietude

Ausente deste corpo a que me prendo
Reduzida á razão desta ilusão
Subjacente ao brilho que se desprende
Desta inquietude desta frustração.

Entorpecida pela dor que dilacera
O ser que se encontra em  regressão
Possuída ,humildemente remetida
A esta vida, de podridão.